07.04.13


lembro de todo o tempo que ganhamos
abraçados contando aquelas estrelas que brilham no escuro
coladas no teto do quarto
ameaçados pelo que não viria
depois que calçássemos os sapatos
para tocarmos o chão
e desamarrássemos o abraço
para percorrermos sós
lugares onde não tocassem nossos discos favoritos
e os outros interrompessem
o nosso silêncio
e nos exigissem
nossos amarelados sorrisos
e a nossa atenção
dividida
se transformasse em agonia
em tensão
e que engrossassem os nós
dos nossos dedos
(e assim os seus
não embaraçassem mais
os meus cabelos)
lembro do tempo em que não temíamos a solidão
se estivéssemos a um dígito de distância
um tempo em que não conhecíamos
a insuportável verdade cotidiana
não nos repetíamos tanto
nem tão cheios de razão
um tempo passado
em que não nos questionávamos
não nos exigíamos mais do que se podia encontrar
bem no meio da retina
um tempo em que conquistar o mundo
era ir até a padaria
tropeçando nos buracos da calçada
por que não olhávamos tanto
para o chão

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